26-06-2017
OS MUNICÍPIOS SÃO OS GUARDIÃES DA ÁGUA
A escassez de recursos hídricos é uma realidade preocupante e os municípios, pela proximidade com os cidadãos, são os primeiros responsáveis pela sua gestão. São já várias as cidades que olharam o problema de frente. Conheça os bons exemplos.
O passado mês de Abril foi considerado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) como o "mais seco desde 1931", com os valores de precipitação de referência na ordem dos 15 por cento do valor normal para esta época do ano. Mais: "em cerca de 40 por cento das estações da rede meteorológica do IPMA não foi registada precipitação até ao dia 29 de abril", o que diz bem da situação de emergência em que o país se encontra nesta matéria. Perante este cenário, é urgente que o Poder Central e as autarquias reflitam sobre a forma como está a ser feita a gestão dos recursos hídricos e tomem medidas concretas de gestão da água.
A gestão dos recursos hídricos e energéticos é fundamental para os municípios que enfrentam o aumento continuado dos preços da energia e de requisitos regulamentares mais rigorosos, bem como para aqueles que, de um modo geral, apostam na sustentabilidade dos seus recursos. A gestão energética em sistemas de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais exige uma avaliação de como a energia é consumida e utilizada de forma eficiente.
O problema da falta de água no Algarve não é novo. Sucedem-se as chamadas de atenção para o problema e em causa está não apenas a sustentabilidade das populações no seu dia-a-dia, como também aquele que é um dos maiores trunfos económicos da região: o Turismo. Por isso, autarquias como as de Loulé deram um passo significativo rumo à aplicação de tecnologias de comunicação e informação que permitem gerir com eficácia os recursos hídricos do concelho.
O aumento continuado dos preços da água e dos sistemas de saneamento tem levado muitas autarquias a procurar soluções. No Algarve, a união de esforços com a Universidade e a aplicação de tecnologias de gestão tem dado bons resultados.
Assim, a Câmara Municipal de Loulé desenvolveu, em colaboração com a Universidade do Algarve, um trabalho de investigação para a criação de uma matriz de indicadores de desempenho como metodologia utilizada para a gestão de energia em Serviços Municipais de Água. O trabalho permitirá, por um lado, dar sequência às medidas incluídas na "Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas", elaborado pela Agência Portuguesa do Ambiente e, por outro, reequacionar a estratégia municipal de sustentabilidade.
O estudo está inserido numa estratégia que procura responder às preocupações ambientais com recurso à investigação, com o objetivo de monitorizar, medir e avaliar o consumo e os custos de energia, assim como as emissões de CO2 nos serviços de abastecimento de água e de saneamento de águas residuais, conduzindo à identificação de oportunidades de melhoria de desempenho para o desenvolvimento contínuo e sustentável.
Foi o que já fizeram, por exemplo, os municípios de Loures e de Odivelas, abrangendo um total de 170 mil pessoas. Com o intuito de assegurarem a melhor gestão operacional inteligente e melhorar os níveis de serviços prestados aos munícipes, estas autarquias aplicaram uma solução tecnológica on-line e em tempo real, que monitoriza as atividades de deteção e reparação de perdas de água, de gestão de energia, de monitorização das infraestruturas e de controlo de qualidade. A solução permite reunir numa única plataforma, colaborativa e partilhada, toda a operação de um qualquer território ou infraestrutura, com aplicações desenvolvidas para a gestão de cidades inteligentes e de serviços de águas municipais.
Em Loures e Odivelas, a implementação de uma solução tecnológica de monitorização e controle dos recursos hídricos em tempo real tem trazido benefícios a uma população estimada em 170 mil habitantes.
Neste sentido, a PARADIGMSHIFT dispõe de um conjunto de ferramentas inovadoras de gestão de recursos, que permite aos municípios monitorizar todas as ocorrências relacionadas com a gestão dos seus recursos hídricos (e outros), ao mesmo tempo que incentiva a interação com os cidadãos na procura e na aplicação das melhores soluções de administração deste tipo de património. Sãos os casos do MUNICÍPIO360, do SIG AMBIENTAL ou do SIG CIDADE INTELIGENTE
Na região metropolitana de Lisboa, a mais populosa do país (cerca de três milhões de habitantes), a solução para gerir o maior estuário da Europa, que é, ao mesmo tempo, reserva natural, zona balnear e de pesca artesanal, teria de passar obrigatoriamente pela monitorização e controlo de todo o ciclo de utilização da água: da captação à devolução ao meio, com uma gestão em tempo real de toda a informação. Além de utilizar ferramentas destinadas ao seu corpo técnico, a EPAL - Empresa Pública das Águas de Lisboa lançou o "waterbeep", através do qual os munícipes são informados acerca do consumo de água, podendo otimizar o consumo de água em casa, nos espaços comerciais, industriais ou escritórios. O serviço inclui a emissão de alertas via sms ou e-mail, que sinalizam consumos diferentes do padrão habitual ou roturas no sistema de abastecimento de água.
Lisboa lançou o projeto "waterbeep", que permite aos munícipes monitorizar os seus consumos e racionalizar despesas; a Águas do Vouga aplica um sistema de telegestão; o Porto vai acolher os maiores especialistas europeus em gestão de água.
Além da EPAL, outras empresas municipais e intermunicipais utilizam sistemas de monitorização e gestão dos recursos hídricos, como a Águas do Algarve, a Águas do Vouga, através de um sistema de telegestão e a Águas do Porto. Neste último caso, a cidade vai tornar-se, de 24 a 30 de Setembro próximo, a capital europeia da água e da inovação, com a realização da quarta edição da "Conferência da Parceria Europeia para a Inovação na Água". Em cima da mesa vão estar as várias vertentes de inovação no setor da água a nível europeu, como sejam a discussão da Agenda Urbana da Água para 2030 e a formação dos futuros líderes do setor da água, no "Water Innovation Lab Europe Porto 2017", marcado para a Dinamarca, em Novembro .
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