16-01-2017
INCUBADORAS E STARTUPS, UMA COMBINAÇÃO FELIZ PARA O NEGÓCIO
As incubadoras de empresas estão na origem de um tecido empresarial que aposta na inovação. Em Portugal, todos os anos são criados 34 mil startups e quase todos eles contam histórias de sucesso...
Entre os anos de 2007 e 2015, foram constituídas 309.550 startups em Portugal, o que representa uma média anual de 34 mil novos projetos. Face à inexistência de dados sobre o histórico de criação de startups desde que em 1987 nasceu a primeira incubadora de empresas em território nacional, é necessário recorrer a estudos de contexto temporal mais concreto para ajudar a perceber esta realidade. Foi o que levou à prática a Informa D&B com o estudo "Empreendedorismo 2007-2015", cujos resultados apontam para que nos oito anos acima referidos o volume de negócios tenha crescido 136 por cento em média no primeiro ano de vida das startups, triplicado após dois anos de atividade e tenha sido quase cinco vezes maior no final do sétimo ano. Quanto ao volume de negócios, a importância das exportações para as startups aumentou de 46 por cento, em 2008, para 63 por cento, em 2014, confirmando assim a sua tendência de expansão para o mercado internacional. A percentagem de startups exportadoras é semelhante à do universo empresarial, facto significativo que ajuda a traçar o perfil das novas empresas.
Estes números dão bem a ideia da importância das startups para a economia nacional. De resto, a página oficial do IPAMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação) informa que estão registadas mais de 80 incubadoras de empresas , ou seja, plataformas de conjugação de interesses entre inovadores/investigadores e investidores. Além do espaço de trabalho, as startups encontram nas incubadoras de empresas vários tipos de apoio nos seus primeiros três anos de vida: serviços de assessoria empresarial, contabilística, financeira e jurídica, bem como um ambiente de partilha entre empreendedores.
Há mais de 80 incubadoras registadas em Portugal, em que a grande tendência das startups aí criadas é a da internacionalização dos seus serviços. É nesta plataforma de conjugação de interesses que se cruzam empreendedores e investidores.
Foi o que sucedeu com a "Wisergo", plataforma digital que liga viajantes de todo o mundo com agentes locais, apresentando-se como facilitadora de planos e de marcações de viagens. Os futuros viajantes apenas têm de estar registados na plataforma e descrever quais os seus interesses e preferências, de modo a que os agentes locais possam criar um plano personalizado de viagem. Com um grau de sucesso elevado está também a "BuzzStreets", uma plataforma de dados agregados que informa os utilizadores acerca dos locais onde há congestionamentos de trânsito, quais as razões e as alternativas existentes. A aplicação desenvolvida pela "BuzzStreets" para dispositivos móveis disponibiliza informação de forma contínua, de modo a que os utilizadores saibam sempre qual o melhor trajeto a escolher ao longo do dia.
Fóruns mundiais de discussão como o recente Web Summit Lisbon são exemplo de como as startups ganham relevância internacional. Além de ter atraído mais de 53 mil pessoas a Lisboa, terá gerado um impacto de 200 milhões de euros...
Muitos mais exemplos de sucesso puderam ser encontrados na recente edição da Web Summit Lisbon, onde participaram mais de 53 mil pessoas, dos quais sete mil CEO's, oriundas de 166 países, e estiveram inscritas cerca de 15 mil empresas. E mesmo sendo "apenas" a falar de negócios em fase de lançamento como são as startups, o certo é que as autoridades nacionais portuguesas estimam que o impacto gerado pela presença deste fórum mundial de discussão de temas ligados ao empreendedorismo e às novas tecnologias tenha sido "à volta dos 200 milhões de euros", como referiu Miguel Frasquilho, presidente da AICEP , para quem há "tudo o que fica: os contactos, as intenções de investimento, o financiamento que vai ser levantado pelas startups portuguesas e estrangeiras ou a criação de emprego que daqui pode resultar".
Como naturalmente acontece no mundo empresarial, muitos são os projetos que nascem e morrem sem que um dia tenham conhecido o sucesso. Todavia, felizmente, continuam a ser mais aqueles que florescem, atingem a maturidade e ganham inclusive direito a outra designação: scaleups, isto é, startups que já angariaram financiamento superior a um milhão de dólares. O Startup Europe Partnership (SEP) publicou o estudo "Portugal Rising: Mapping ICT Scaleups", no qual analisou 40 scaleups que em conjunto angariaram mais de 156 milhões de euros junto de venture capitals. Aquilo a que chamamos hoje startups, se tiverem sucesso e se forem apoiadas, poderão ser as PME e as grandes empresas do futuro...
Politicamente falando, a economia portuguesa está baseada neste tipo de criação de empresas. Retomando o estudo feito pelo SEP, conclui que Portugal está a recuperar da crise económica e financeira dos últimos anos e a marcar fortemente o seu território no mapa europeu de startups, com uma comunidade de empreendedores "capazes de produzir resultados tangíveis", como afirma Alberto Onetti, coordenador do SEP. "Está a crescer rapidamente e se estes números forem contabilizados proporcionalmente à dimensão do PIB, a capacidade de Portugal criar scaleups é bastante notável", acrescenta .
A economia portuguesa está baseada neste tipo de criação de empresas, que facilmente alargam os seus horizontes de negócio para o mundo, resultando disso que todas as scaleups nacionais tiveram processos de fusão ou aquisição internacionalmente.
Todas as scaleups nacionais tiveram os seus processos de fusão ou de aquisição internacionalmente. A larga maioria dos negócios (66 por cento) foi concretizada com empresas norte-americanas, 22 por cento com empresas europeias (Espanha e Reino Unido) e nenhum por organizações portuguesas. Houve uma compra por uma empresa sul-africana (a Naspers). Estes dados indicam que o ecossistema português de startups tem boas relações internacionais, pelo que está aí à porta uma excelente oportunidade de investir em startups.
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