16-12-2016
ACADEMIAS DAS EMPRESAS: QUALIFICAR PARA COMPETIR
As academias das empresas são instrumentos estratégicos de excelência ao serviço da formação contínua dos seus quadros. Desde a base até ao topo da hierarquia, é fundamental que todos os atores estejam focados num só propósito: o sucesso do negócio.
Nos tempos de transformação contínua em que vivemos, os investimentos em formação e desenvolvimento dos recursos humanos das empresas são fundamentais para fazer face aos exigentes desafios do mundo dos negócios. Para que as empresas ou organizações terem sucesso, é decisivo que os gestores tenham perfeita consciência de que os seus maiores ativos são as pessoas. São elas o garante de uma gestão de sucesso. Por isso, as Academias das Empresas têm como primeira missão "traduzir" em iniciativas práticas a estratégia pensada pelos gestores, para serem depois aplicadas pelos colaboradores e pela empresa no dia-a-dia. A Academia é um instrumento estratégico de e-learning ao serviço das empresas ou organizações em áreas de negócio tão distintas como telecomunicações, indústria automóvel, indústria hoteleira, alimentação e bebidas, produtos tecnológicos, serviços públicos, etc.
Nos Estados Unidos da América, instituições como o MIT estão há muito alinhadas com as empresas na concretização de programas específicos de formação dos seus quadros, com o mais variado grau de influência na hierarquia. É o caso da colaboração com a multinacional BP com o lançamento do BP Projects Academy, cujo objetivo foi o de formar uma rede entre os decisores de topo da empresa, dando-lhes ferramentas de gestão para mitigar riscos e maximizar o sucesso. Outra parceria de êxito foi feita com o Commonwealth Bank of Austrália que, após criar uma academia destinada aos seus gestores, se colocou na liderança do setor dos bancos de retalho daquele continente em apenas quatro anos...
Ainda nos EUA, as Universidades de Stanford, de Carnegie Mellon e outras, desenvolveram o curso de gestão CourseWare, cuja metodologia foi também criada especificamente a pensar em contextos empresariais. Além de terem acesso aos conteúdos programáticos (documentos, vídeos) desta plataforma de trabalho em rede, os participantes podem interagir com os formadores através de fóruns de discussão com perguntas e respostas pré-concebidas, bem como contribuir para o plano de formação contínua através do envio dos seus contributos.
As academias fazem a ponte entre a estratégia pensada pelos gestores e a ação concreta dos colaboradores de uma empresa ou organização no dia-a-dia. Investir em formação é um fator decisivo para o bom desempenho de todos os atores..
Se no caso da parceria entre o MIT e a BP os destinatários da academia foram os gestores de topo, o Grupo Pestana decidiu criar, em 2007, o Campus Pestana, pensado para todos colaboradores - no total, emprega mais de 7.000 pessoas um pouco por todo o mundo. Em colaboração com a BTS e a Wilson Learning, o grupo apostou forte na qualificação dos seus colaboradores, que têm disponíveis no Campus várias formações online em quatro línguas, podendo aceder à informação a qualquer hora e em qualquer lugar através dos seus dispositivos móveis. Deste modo, todos os envolvidos desenvolvem competências técnicas e comportamentais num contexto de autoaprendizagem remota. De modo idêntico procedeu a EPAL, quando decidiu iniciar o seu Plano de Formação da Academia das Águas Livres, acrescentando uma nuance: além de contribuir para a qualificação dos atuais trabalhadores da empresa, dar formação técnica e de cultura empresarial a novos colaboradores.
Em ambos os exemplos aqui citados a aprendizagem é feita com recurso a uma metodologia integrada de conteúdos e com a interação entre os vários participantes da Academia em ambientes virtuais de colaboração. Ou seja, os conteúdos abrangem todo o conhecimento e processos de trabalho num único veículo de comunicação. Assim, os colaboradores adquirem ferramentas de crescimento e de evolução sustentada nas suas carreiras de uma forma estruturada, dinâmica e rigorosa.
O que foi pensado pelos gestores resulta no envolvimento direto e efetivo dos colaboradores em todas as atividades da Academia com programas coerentes e uma orientação para os resultados (em termos de objetivos de negócios).
A nível nacional, os instrumentos de apoio à criação de uma Academia estão disponíveis em várias plataformas, como é o caso do IAPMEI, que anuncia este instrumento de capacitação empresarial como o motor do "desenvolvimento e reforço de competências profissionais nas Pequenas e Médias Empresas". A oferta das ações de formação apresenta-se em workshops, seminários, sessões de sensibilização e a possibilidade de acesso a programas de apoio ao desenvolvimento de projetos empresariais com recurso à metodologia de "formação-ação". Pretende-se, assim, promover o desenvolvimento das competências técnicas e a adoção de práticas facilitadoras da atividade empresarial junto dos empreendedores e ativos das empresas. Estas ações estão descentralizadas em entidades como a AIP - Associação Industrial de Portugal, AEP - Associação Empresarial de Portugal, ANJE, associações empresariais regionais ou comissões de coordenação e desenvolvimento regionais (CCDR), além da ligação com o INESC TEC - Tecnologia e Ciência, da Universidade do Porto.
Uma Academia de Empresas deve ter o seu foco nos objetivos e nas prioridades da organização, ligando as atividades de aprendizagem diretamente à estratégia da estrutura.
Refira-se que a formação dos trabalhadores é uma obrigação de qualquer entidade patronal, de acordo com o Código de Trabalho português. Entre outras disposições, cada trabalhador tem direito a 35 horas de formação contínua mínima anual ou, se for contratado a termo por período igual ou superior a três meses, a um número mínimo de horas proporcional à duração do contrato nesse ano. O empregador deve assegurar formação profissional a pelo menos 10 por cento dos trabalhadores da empresa, promover a qualificação do trabalhador, assegurar o direito individual à formação, organizar planos de formação anuais ou plurianuais, reconhecer e valorizar a qualificação adquirida e habilitar os trabalhadores a prevenir os riscos associados à respetiva atividade.
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