16-12-2016
TRANSPORTES INTELIGENTES ACELERAM O FUTURO
A aplicação de tecnologias de informação e comunicação no setor dos transportes é fundamental para o desenvolvimento de sociedades modernas e competitivas. O grande desafio está em criar mobilidade sustentável e em prestar um melhor serviço aos utentes.
Zero mortes nas estradas de 19 países. Foi este o balanço do Dia Europeu Sem Mortes na Estrada, que se assinalou em 31 países do espaço europeu a 21 de Setembro último. Mas aquele foi um dia de exceção, já que em média são registados 70 mortos e 370 feridos nas estradas dos mesmos 31 países. Por isso, são necessárias ações concretas no sentido de aumentar a prevenção rodoviária através da aplicação de tecnologia de informação e comunicação nos transportes (infraestrutura, veículos e utilizadores), na gestão do tráfego e da mobilidade, bem como na interoperabilidade entre os vários meios de transporte.
De acordo com o Banco Mundial, existem atualmente cerca de mil milhões de automóveis nas estradas e prevê-se que até 2050 haja outros mil milhões. Por isso, é crucial apoiar a transição rumo a uma mobilidade sustentável, concebendo sistemas eficientes de transportes públicos e políticas que evitem situações insustentáveis. Estima-se que só a poluição urbana, largamente causada pelos transportes, seja responsável pela morte de 800 mil pessoas todos os anos. É, pois, determinante, reduzir o número de veículos nas estradas. Por seu lado, os acidentes rodoviários causam perto de 1,3 milhões de mortes por ano e deixam feridas mais de 50 milhões um pouco por todo o mundo - 90 por cento dos incidentes ocorrem nos países desenvolvidos. A falta de segurança rodoviária custa aos cidadãos entre um por cento a cinco por cento do Produto Interno Bruto. Refere-se aqui o transporte rodoviário por ser este o que mais envolve acidentes com mortos e feridos (o exemplo europeu).
A sinistralidade rodoviária é um dos grandes flagelos das sociedades modernas. No mundo, estima-se que haja 1,3 milhões de mortos anualmente. A falta de segurança rodoviária custa aos cofres públicos entre um a cinco por cento do PIB.
Portanto, é mais do que necessário agir com medidas concretas, como é exemplo uma cidade do outro lado do Atlântico: Carson City , nos Estados Unidos da América, onde foi aplicada uma tecnologia de gestão remota em tempo real, para dispositivos móveis, de todo o tráfego citadino. O objetivo é o de aumentar a eficiência dos transportes e a sua gestão, bem como reduzir os custos operacionais e aumentar o grau de prontidão dos serviços em caso de acidentes. O modo de funcionamento é simples e basta aos funcionários municipais no terreno enviarem relatórios ou gráficos para uma base de dados comum, cujos dados são acessíveis através de dispositivos móveis, acionando assim os meios necessários à resolução dos problemas. O sistema tecnológico foi desenvolvido pela Schneider Electric .
No capítulo da mobilidade "verde", a construtora sueca Volvo tem em curso um sistema de eletromobilidade urbana para veículos bus, que facilita a sua circulação e reduz os custos operacionais e de manutenção. Sem necessidade de qualquer intervenção humana, os veículos recarregam-se automaticamente sempre que necessário nos postos de abastecimento, armazenam dados sobre as condições da estrada para que numa nova passagem pelo local sejam otimizados os sistemas de travagem, aceleração e caixa de velocidades, além de possuírem um sistema de alerta que é acionado assim que se encontra por perto um peão ou uma bicicleta. Menos ruído, baixo consumo de energia e poucas ou nenhumas emissões poluentes são outras das valências deste serviço.
Na Austrália, existem vários sistemas combinados de transportes inteligentes, nomeadamente: gestão ativa de tráfego e informações de trânsito ao condutor. A combinação tecnológica permite, por exemplo, que um condutor saiba em tempo real da existência de um acidente, da localização de lugares de estacionamento, da sinalização de um condutor em manobras perigosas ou da localização de um determinado veículo de transportes públicos. O sistema de transportes inteligente está a ser utilizado por entidades tão diversas como o Australian Capital Territory - Transport for Canberra, o New South Wales e o South Australia, a Universidade de Melbourne, o ERTICO ITS Europe e o MLIT japonês.
Veículos que se carregam sem intervenção humana, saber da existência de um acidente em tempo real e detetar a localização de um determinado veículo de transporte público são já realidades tangíveis.
Na União Europeia, estão atualmente em curso o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e o Fundo de Coesão, de promoção da economia digital. São mais de 20 mil milhões de euros disponíveis até 2020, no sentido de poder ser criado o Mercado Único Digital, cujo potencial de crescimento pode ascender aos 250 mil milhões de euros, de acordo com as previsões dos especialistas. Este Mercado Único Digital é decisivo para o avanço das tecnologias "inteligentes" de monitorização e gestão de todos os aspetos relativos ao transporte. Estas tecnologias constituem um instrumento poderoso para enfrentar os desafios das sociedades modernas, como sejam o crescimento demográfico, a proteção ambiental, a eficiência energética e a diminuição de custos.
Num registo mais específico, as tecnologias de informação e comunicação nos transportes também são aplicadas a favor das pessoas com deficiência. Em Sidnei, Austrália, existe total coordenação entre transportes rodoviários, ferroviários e aéreos através de um sistema de auxílio às pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência visual. No primeiro destes casos, os utentes podem planear as suas viagens tendo em conta as paragens de transportes com melhores acessibilidades; podem escolher os veículos com capacidade para acolher cadeiras de rodas/veículos motorizados de auxílio à mobilidade. No segundo, há uma app que emite avisos sonoros com as paragens dos transportes públicos ao longo do percurso.
A União Europeia tem a decorrer dois fundos de apoio à economia digital. Estes fundos vão permitir o avanço das tecnologias ?inteligentes? de monitorização e gestão de todos os aspetos relativos ao transporte.
Os investimentos em tecnologias de comunicação e informação, isto é, de transportes inteligentes, compensam largamente os gastos com novas redes de transportes e melhoram as existentes. Além de promoverem a mobilidade, garantem o equilíbrio económico, dinamizam o mercado de trabalho e beneficiam todos os tipos de transporte: rodoviário, ferroviário, fluvial, marítimo e aéreo.
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