12-12-2016
EDIFÍCIOS INTELIGENTES RUMO AO CARBONO ZERO
Os aplicativos tecnológicos destinados a promover a eficiência dos edifícios são um desafio incontornável dos tempos modernos. Dos industriais de construção civil aos consumidores caseiros de energia, todos temos a ganhar com a sua aplicação. E os bons exemplos abundam...
Foi projetado em 2012 e rapidamente se transformou num case study a nível internacional, por se tratar do primeiro edifício com emissões zero de carbono em Hong Kong. O Mansion ZCB é uma história exemplar de combinação de design contemporâneo e sistemas energéticos ativos altamente eficientes, que resultam numa poupança global de energia na ordem dos 25 por cento. Tudo começou quando o Governo de Hong Kong (cidade com cerca de 7,3 milhões de habitantes) decidiu promover políticas conducentes à proteção ambiental, à eficiência energética e à redução de custos de manutenção, num quadro mais vasto de construção sustentável. A "inteligência" do Mansion ZCB, um edifício destinado a serviços, revela-se através do fornecimento de informações em tempo real sobre o uso da energia (iluminação, aparelhos ligados, etc.), da água, da taxa de ocupação de cada divisão, da ventilação e da segurança, entre vários outros aspetos, resultantes da recolha de dados em mais de 2.800 pontos de deteção em toda a estrutura.
Este caso das boas práticas ligadas à construção civil é um excelente exemplo de como o futuro se nos afigura. Isto porque os industriais de construção civil, mas também as entidades que fazem a gestão de edifícios (empresas, autarquias, organismos estatais, unidades de saúde, escolas, entidades desportivas), procuram cada vez mais soluções de fácil aplicação e que gerem resultados impactantes e praticamente imediatos. O caminho passa por disponibilizar uma plataforma capaz de integrar os vários sistemas de manutenção dos edifícios, que resulte na redução dos custos operacionais e no melhor serviço prestado aos utilizadores do referido edifício. No caso do Mansion ZCB, as soluções tecnológicas aplicadas vão além do objetivo de "carbono zero", já que produz mais energia do que as suas próprias necessidades, para compensar o carbono incorporado no processo de construção.
Na União Europeia, o tema da eficiência energética nos edifícios tem sido motivo para inúmeras iniciativas legislativas, desde logo porque até 2030 existe o compromisso de todos os Estados-membro de reduzirem até 27 por cento o consumo de energia associado. Atualmente, 40 por cento da energia consumida no espaço da União Europeia está relacionada com edifícios, sendo que 75 por cento dos equipamentos são ineficientes em termos de poupança energética. Mais: como se espera que mais de metade dos edifícios atuais sejam utilizados em 2050 é necessário agir de imediato para acautelar o futuro. A "ação" aqui referida pode ser aplicada em áreas tão diversas como as políticas de ordenamento do território, segurança do edifício, registo de terras, renovação urbana, revitalização de edifícios industriais, gestão "verde" de espaços, abastecimento de água, prevenção de inundações ou a simples administração de espaços edificados.
Cerca de 40 por cento da energia gasta pelos edifícios na União Europeia provém dos edifícios, sendo que 75 por cento dos equipamentos são ineficientes em poupança energética. Até 2030, a meta é reduzir em 27 por cento os gastos com edificações.
Foi o que já começou a ser feito no Reino Unido, onde em 2013 a Royal Academy of Engineering reuniu uma série de especialistas para debater a eficiência dos edifícios nas suas várias vertentes. As conclusões foram: a necessidade de encorajar a aplicação de sistemas integrados nos edifícios; introduzir vetores de valor acrescentado (bem-estar, custos de manutenção e a eficiência energética); desenvolvimento de negócio que promova a segurança e a qualidade dos serviços; estender o ciclo de vida de todas as variáveis que compõem o "organismo" edifício (alicerces, canalizações, instalação elétrica e de ventilação, etc.).
Numa aplicação mais concreta deste sistema inteligente de gestão energética, tome-se o exemplo da energética EDF Energy, que estima que até 2019 todos os lares e pequenos negócios no Reino Unido que com ela contratualizem serviço tenham instalados medidores inteligentes de energia (gaz e eletricidade). Os utilizadores poderão monitorizar e gerir os consumos nos seus dispositivos móveis, através do envio de informação para bases de dados informatizadas, podendo assim pagar menos na fatura ao final do mês. Cada edificação é um caso específico de necessidades de controlo energético, pelo que as soluções devem ser aplicadas como se de um fato à medida se tratasse.
Há já unidades de saúde em que os pacientes acedem aos próprios ficheiros clínicos, trocam emails com o corpo médico, marcam consultas e tratam de assuntos relacionados com a medicação que lhes está a ser prescrita.
A Escola Secundária Giséle-Lalonde, no Canadá foi um dos primeiros edifícios em toda a América do Norte a possuir o sistema Internet of Things para escolas para monitorizar e gerir: a redução de consumos de energia e a melhoria da performance dos alunos. Assim, foram medidos e analisados dados como os consumos de água e gaz natural, média de quilowatts por aluno, os níveis de dióxido de carbono do local e a ocupação de espaços em tempo real. O sistema aplicado pela Intel recolheu e tratou aquelas informações, que depois foram enviadas digitalmente para a administração do edifício. A comunidade escolar pôde aceder aos resultados em quiosques eletrónicos e assim ficar a par da performance dos dados relativos à eficiência energética do edifício.
Monitorizar os dados energéticos de um estabelecimento de ensino contribui para diminuir gastos de manutenção e para aumentar a performance educativa dos próprios alunos.
Seja na gestão de edifícios, nos sistemas de iluminação, de controlo do ar condicionado ou de segurança, na monitorização de sensores de presença ou de contadores inteligentes, é fundamental conseguir levar as tecnologias de gestão dos edifícios inteligentes a um universo o mais vasto possível. Isto porque os benefícios resultantes da sua aplicação podem fazer-se sentir em áreas de atuação tão diversas como casas particulares, estabelecimentos de ensino, edifícios de serviços, instalações de investigação, unidades de saúde, entre muitos outros. As "condições de vida" dos edifícios devem ser adaptadas para acolher os seus utilizadores e, por isso, é importante permitir-lhes o controle sobre o seu ambiente, nomeadamente através de aplicativos móveis para melhor conforto e segurança.
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