12-12-2016
TECNOLOGIAS INTELIGENTES AO SERVIÇO DA SAÚDE
O avanço das tecnologias ligadas à prestação de cuidados de saúde é uma realidade incontornável. Colocá-las ao serviço dos cidadãos é um dos desafios desta indústria, que representa perto de dez por cento dos orçamentos nacionais nos países desenvolvidos.
A indústria dos cuidados médicos e de controlo da saúde conhece importantes evoluções praticamente todos os dias. A enorme variedade de equipamentos desenvolvidos e de serviços criados colocam o acento tónico na prevenção, no reconhecimento dos riscos primários, na formação dos profissionais médicos, em novas formas de cuidados curativos, preventivos, de reabilitação e paliativos e na autonomia dos próprios pacientes. A preocupação em evitar as chamadas doenças dos tempos modernos (stress, excesso de trabalho), em combater as consequências inerentes ao envelhecimento da população, a exposição a ambientes de risco como focos de poluição ou o abuso de substâncias medicamentosas são preocupações constantes de todos os profissionais ligados ao setor da saúde a nível mundial.
O Departamento para a População das Nações Unidas prevê que na Europa 34 por cento da população terá mais de 60 anos até 2050. Na América Latina, nas Caraíbas e Ásia, a população com mais de 60 anos passará de 11/12 por cento atualmente para 25 em 2050. Isto representa um enorme desafio para médicos, enfermeiros, investigadores, políticos, cidadãos ou para a indústria de equipamentos clínicos envolvidos nesta área tão sensível.
O desenvolvimento das tecnologias no campo da saúde aplicadas aos sensores bio, ao diagnóstico remoto e à monitorização da saúde constitui, assim, o grande passo evolutivo de uma indústria que movimenta perto de dez por cento dos orçamentos nacionais nos países desenvolvidos (http://data.worldbank.org/indicator/SH.XPD.TOTL.ZS). Daí que seja cada vez mais importante agilizar os métodos de diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes, cuja abrangência vai desde o cidadão comum, aos atletas, às crianças, aos prematuros, doentes psiquiátricos, doentes crónicos, idosos, pessoas de locais meios afastados dos centros urbanos... enfim, de todos aqueles para quem estar fisicamente numa sala de espera constitui uma dificuldade acrescida. Muitas vezes, os próprios médicos têm de estar horas a fio num consultório, pressionados pelo congestionamento das salas de espera e sem tempo para efetuarem diagnósticos assertivos...
&Tornar os métodos de diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes mais rápidos e eficazes é fulcral para a melhoria das condições de vida das populações e da própria atividade dos profissionais médicos.
Nos Estados Unidos da América, esta situação tem vindo a conhecer uma evolução bastante interessante. O Beth Israel Deaconess Medical Center (BIDMC) , em Boston, afirma-se como pioneiro nos cuidados de saúde há mais de duas décadas. A American Hospital Association classifica a instituição como "Um Inovador de Prestígio" pelo seu trabalho no uso de tecnologias de informação com vista ao aumento de qualidade e da segurança dos cuidados de saúde.
Em 1999, foi lançado um site interativo para pacientes, no qual é possível aceder aos registos clínicos e ao corpo médico, podendo ver o resultado de exames, preencher prescrições, marcar consultas e elaborar ficheiros médicos. Recentemente, o BIDMC firmou um protocolo com a Google Health e a Microsoft HealthVault, dois locais web de troca de informação, que permite aos pacientes aceder e partilhar online os seus ficheiros clínicos, enviar emails aos médicos e tratar de vários assuntos relacionados com medicação. Nas unidades de cuidados de emergência, os enfermeiros conseguem acompanhar os sinais vitais de cada paciente através de um sistema remoto de controlo, além de um dispositivo de videoconferência de auxílio. Na unidade de cuidados intensivos neonatais, um sistema web de videoconferência ajuda as famílias em casa a "visitarem" os seus filhos e a contactarem a respetiva equipa médica.
Os avanços nas Ciências da Saúde, na micro e nanotecnologia ao longo dos últimos anos resultaram na aplicação de vários dispositivos móveis à prática médica diária, a chamada telemedicina. Com a evolução da informática e das tecnologias da informação, as suas utilizações têm contribuído para o desenvolvimento de muitas aplicações sem fio e de telemedicina.
Há já unidades de saúde em que os pacientes acedem aos próprios ficheiros clínicos, trocam emails com o corpo médico, marcam consultas e tratam de assuntos relacionados com a medicação que lhes está a ser prescrita.
Na Austrália, a Global Kinetics Corporation desenvolveu uma aplicação que se utiliza como um relógio e regista os movimentos associados à doença de Parkinson, fornecendo avisos para as tomas da medicação e avaliações acerca das respostas dos pacientes aos tratamentos. A informação recebida permite ao médico neurologista ter um registo objetivo dos sintomas, através da avaliação da natureza e da progressão dos sinais do paciente, corrigindo o tipo, a quantidade e o momento da medicação.
A troca de informações entre um município e entidades externas pode resultar no benefício comum, como a identificação de focos de poluição. O caso aconteceu em Ourém, onde autarquia e GNR colaboraram em prol do Ambiente.
Também nos ambientes de trabalho é possível aplicar dispositivos de diagnóstico à distância, como acontece com os trabalhadores das empresas energéticas. A norueguesa SINTEF está a desenvolver uma linha de vestuário para os trabalhadores das unidades de extração de petróleo em climas frios que inclui sistemas de monitorização de temperatura, humidade e transpiração, bem como para determinar a sua exata localização. A informação é recebida por especialistas de saúde, que assim podem gerir com eficácia e segurança os tempos de trabalho de cada trabalhador.
Os dispositivos tecnológicos de monitorização de saúde estão já a ser utilizados em inúmeros setores de atividade profissional. A informação é recebida por profissionais especializados, aumentando a eficácia e a segurança no trabalho...
Os setores nos quais é possível desenvolver e aplicar estes sistemas tecnológicos à área da Saúde passam pela indústria automóvel, pela construção civil, logística, seguradoras, exploração mineira, petróleo e gaz natural, retalho, prestadores de serviço no exterior ou unidades de prestação de serviços de saúde de pequena, média e grande dimensão. Além do cariz preventivo de que se revestem as suas múltiplas aplicações, as tecnologias que produzem sensores bio, efetuam diagnósticos e monitorizações remotos contribuem para aumentar os níveis de produtividade e para reduzir os custos corporativos de segurança.
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